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|| Lisboa começou como um sonho

Foto do escritor: Cátia SilvaCátia Silva




Há 3 anos saí da minha cidade. Aquela que por momentos não quis aceitar, mas quando aceitei foi a valer. Vim para uma nova cidade, que quis aceitar com todo o meu coração, mas a vida mostrou-me que não era bem assim.

Já lá vão 3 anos. 3 anos em que me meti num autocarro e cheguei a Lisboa na esperança de que fossem os melhores 3 anos da minha vida. Lisboa começou como um sonho.

Há 3 anos tinha tudo aquilo que sempre quis, e ainda consegui ir para uma nova cidade com as melhores amigas que a vida me poderia ter dado, pena que tenha durado pouco tempo.

Perdi demasiadas pessoas no meio deste processo, pessoas que me fizeram achar que eu era a maior sortuda do mundo por as ter comigo, e apesar de ter feito mil e uma coisas para as manter, pelos vistos não tinha de ser. Pessoas que achei que fossem para a vida desapareceram num abrir e fechar de olhos. Vi-me sozinha num mundo que não era o meu, num curso que não era o meu, com uma vida que nada tinha a ver com a minha. Mas a vida muda e por vezes percebemos que o avesso é que é o lado certo. Perdi quem tinha de perder, ganhei quem tinha de ganhar. Sem rancor nem ressentimentos, apenas com alguma saudade no coração.

Não foram os melhores anos da minha vida. Mas também não posso dizer que tenham sido os piores. Apenas foram os mais sofridos e consequentemente os de maior aprendizagem.

Lisboa foi para mim um palco de mudança. A minha vida mudou a partir do momento que entrei naquele autocarro e aceitei este desafio. Por acréscimo eu também mudei, fui à procura do meu verdadeiro EU e encontrei-me nas ruas da vida.

Foram 3 anos de muito choro. Muitas malas às costas. Muitas crises existenciais. Muitas emoções. Muita vontade de ir embora e nunca mais voltar. Muitas portas na cara. Mas, hoje, posso dizer que sou finalista do curso de Estudos Portugueses da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O que vou fazer a seguir? Não sei. Mas sei que sou vencedora da minha vida. Não desisti à primeira, ou à segunda, nem à milésima dificuldade. Eu continuei, nem sempre de cabeça erguida, mas continuei.

No entanto, não sou a triste que não viveu a vida académica, eu vivi sim! Senti o orgulho de ver quem amava a trajar pela primeira vez, fiz amizades incríveis que espero levar para a vida, senti as praxes na pele e curti as semanas académicas como ninguém, mas noutras faculdades. Contudo a vida académica não se resume só a isso. É o tempo que não passa, mas quando dás por ela já é natal. São os dias que deviam ter mil e umas horas porque há sempre as 23h59 aterrorizadoras para entregas de trabalhos. São as cadeiras que não sabes muito bem como vais passar, mas, no fim ao cabo, passas. São as horas na biblioteca e as noites sem dormir porque por algum motivo deixas tudo para a última hora ou então porque precisavas de mais mil horas para conseguir acabar tudo. Foi o beber café mesmo sem gostar para sobreviver ao dia seguinte.

Contudo, independentemente do curso, foi a universidade da vida que mais me ensinou nestes últimos anos. A vida passou e tudo mudou. Se a pessoa de há 3 anos soubesse as consequências que viriam ao entrar naquele autocarro, não sei se ela iria. Mas a pessoa de hoje ao saber como a vida mudou, questiona-se porque não o fez há mais tempo. Estes foram os 3 anos que mostraram que eu consigo.

Tudo foi preciso. Se não fosse cada um dos obstáculos que passei esta vitória não tinha o gosto que tem! Foi necessário eu sair da minha zona de conforto para dar valor a quem nunca me abandonou e a tudo aquilo que a vida me dá. Eu renasci das cinzas, lutei e venci. Hoje com o sentido de dever cumprido tenho um sorriso no rosto que jamais sairá. Sorrio. Sorrio como sempre sorri, mas este sorriso tem um gosto especial. É um sorriso com o gosto a vitória. Venci aquela batalha que foi a maior da minha vida, até agora.

Valeu a pena cada lágrima e cada bofetada que a vida me deu. Todos os momentos menos bons foram importantes para a construção do meu EU. Foram obstáculos que venci sozinha.

Se era o meu sonho? Não, mas pode ser meio caminho andado para o conseguir. Sei que vou cair, mas como sempre vou-me levantar e seguir em frente porque é desta fibra que eu sou feita.

Lisboa começou como um sonho, depressa se tornou um pesadelo, acabando por ser a cidade onde vivo de bom grado. Hoje agradeço cada momento que vivi na capital, porque nem só de coisas boas é feita uma vida e apesar de tudo, Lisboa marcou-me, não só para o mal, como para o bem também.


Não sou dona do universo, mas sou a dona do meu destino, e é isso que importa!

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© 2016 por Cátia Arrais || La Hafaliana

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