MARGARET ATWOOD || A história de uma serva
Atualizado: 11 de nov. de 2018
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P.S: o livro que deu origem à série
«Era verdade, eu tomava muitas coisas como certas; na altura acreditava no destino.»
Este é um livro silencioso onde Defred conta a sua história. Há um silêncio imposto pelo medo. É o silêncio que fala quando os pensamentos gritam. Estamos perante uma distopia de extremos machistas. Os direitos da mulher são extintos. A maioria da população feminina torna-se num instrumento.
«Se molharmos o rebordo de um copo e passarmos o dedo por ele, produz um som. É assim que me sinto: esse som de vidro. Sinto-me como a palavra estilhaçar.»
Os Estados Unidos da América são invadidos por extremistas religiosos que tomaram o país tornando-o no Estado de Gileade. É sabido que quando se mistura religião com a política o resultado não é bom.
Neste novo Estado os direitos da mulher não existem. Estas não podem trabalhar, não podem ter acesso ao seu dinheiro, não podem vestir o que querem, não podem falar, não podem escrever, não podem ter acesso a nada que estimule o cérebro. Estas querem-se mortas cerebralmente para que aceitem, sem problemas, o que lhes é imposto. Aqui as mulheres ou viram servas ou “não-mulheres”. Contudo, ser servas é o melhor que lhes pode acontecer, na opinião dos superiores. As únicas mulheres "livres" são aquelas que são esposas dos comandantes.
Desta forma, as mulheres passam a ser o centro de Gileade, apesar de serem valorizadas apenas pela sua função mais primitiva: procriar. As mulheres viram servas e são utilizadas como ‘úteros-ambulantes’ no seio de famílias, cuja função é servir. Estas perdem o seu próprio nome para ganhar outro que é escolhido de uma forma completamente redutora.
«(…) não durou para sempre. Se bem que, para eles, possa ter durado todo o sempre que tinham.»
Defred virou serva. Contudo, em tempos, já foi uma mulher com direitos, com emprego, casada e com uma filha. Foi ao tentarem fugir do Estado de Gileade que esta família foi capturada pelo exército extremista. Defred é levada para um centro cujo objetivo é aprender a comportar-se como uma serva. Aqui as mulheres são treinas e aconselhadas a esquecer a sua vida passada para se prepararem para o futuro. Futuro este que dependerá dos seus bons modos.
Depois de treinadas são levadas para a casa de um Comandante, para servir e cumprir com o desejo do casal em ter filhos. O ato é feito na noite da cerimónia a três: a serva deitada em cima do colo da mulher do Comandante, esta a segurar-lhe as mãos e o comandante de frente a executar o ato da procriação.
Contudo, apesar das várias tentativas de fecundação, a serva não consegue engravidar do Comandante e coisas acontecem.
«Mas se por acaso fores um homem, algures no futuro, e tiveres chegado até aqui, por favor, lembra-te: nunca serás submetido à tentação de sentir que, enquanto mulher, deves perdoar a um homem. É difícil resistir, acredita. Mas lembra-te de que o perdão também é poder. Implora-lo é um tipo de poder e detê-lo ou concedê-lo é poder, talvez o maior.»
A História de Uma Serva foi escrita em 2013, mas foi em 2017 que deu origem à série The Handmaid's Tale. É uma série com episódios pesados, mas que retrata bem a vida e Defred. Ambas as versões valem imenso a pena!
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